Receita Federal: A discursiva ideal

Hoje vou escrever para vocês sobre discursiva, a partir de uma aula comum de redação. Em vez de trabalhar conceitos técnicos de avaliação da Esaf (tenho aulas de sobra na internet acerca disso), vou adotar outra linguagem para falar de questões básicas sobre texto.

 

Motivo número 1: tentar dar fim a mitos sobre a discursiva.

 

Motivo número 2: pensar os corretores da Esaf hoje. De uns dois anos para cá, a Esaf vem se tornando uma banca mais textual, ou seja, menos conteúdista. No presente, temos uma banca mais preocupada com a construção do texto. Aliás, esse perfil avaliativo tem sido aplicado por outras bancas também, ainda que as provas tratem de conhecimento específico.

 

Vou me basear, em lições simples da linguista Vívian Stella, professora da Unicamp, um dos mais renomados centros de estudos da linguagem – Ali lecionou por anos a maior de todas as linguistas –  a maravilhosa Ingedore Villaça Koch.

 

Homenagens à parte, vamos ao que interessa.

 

Vou aqui retratar o comportamento textual de vocês, considerando muito do que já testemunhei sobre o comportamento dos candidatos que passaram por provas discursivas da banca.

 

O que quero com isso?

Quero mostrar por que a maioria de vocês, diante de temas até fáceis, comentem erros que poderiam ser facilmente evitados.

 

Então, vou chamar estas falhas de situações. Exporei três situação que acometem as provas da maioria dos candidatos.

 

Vamos a elas:

1a. Situação.

Durante o período escolar/faculdade, você sempre escreveu muito bem. Mas você falhou na prova da Receita Federal, mesmo sabendo o tema.

 

O que acontece normalmente com gente assim?

 

1o. Motivo da falha: existe um mito de que dominar a linguagem (compreenda gramática) é suficiente para que você escreva bem.

 

É fato que precisamos aplicar as regras gramaticais numa discursiva para concursos porque isso faz parte da avaliação. Mas gramática perfeita, por si, não entrega bom texto.

 

Conheço um número razoável de atuais servidores e, anteriormente, alunos com gramática bem regular. Chegaram lá!

 

Infelizmente, a maioria das pessoas trouxe consigo, na idade adulta, uma visão distorcida do texto. Essa visão é herança de uma aprendizagem do português mais centrada na gramática do que na leitura.

 

Para se ter uma ideia do quanto isso é nocivo, basta imaginarmos a dificuldade que temos na hora de começar o texto e nos momentos em que precisamos dar sequência às partes dele.

 

Como a gente se concentra em regras e o enunciado da prova pode inovar na forma de propor a discursiva, muita gente sua frio e demora engatar a escrita.

 

Outra constatação simples está no fato de que a escola raramente convida o aluno a escrever uma dissertação expositiva. Ela se direciona geralmente para dissertações argumentativas, ou seja, aqueles textos em que a gente precisa opinar sobre determinado fato.

 

Consequência disso: somos “opinúdos” por natureza e pouco afeito aos fatos. Nesse sentido, nosso discurso é sempre pouco esclarecedor, porque não fomos orientados a explicar as coisas, mas somente a defender ideias.

 

Em outras palavras, nunca vi professores de português apresentarem aos alunos temas para dissertarem sobre a diferença entre helmintos e protozoários ou sobre fenômenos físicos e químicos. Cito isso como exemplo, porque, naquela época, a gente não estudava direito tributário; portanto, a parte técnica do nosso ensino ficava a cargo das ciências. E o professor de português poderia cobrar isso dos alunos para verificar a capacidade de apresentação de conteúdo deles.

É uma pena!

 

Se isso tivesse ocorrido, muitos de vocês aplicariam, inconscientemente parte da técnica de aprendizado Feynman – algo seria altamente contributivo para se aprender esse monte de conteúdos da Receita Federal, sem sofrer tanto.

 

2a. Situação.

Domino o conteúdo e, mesmo assim, não consigo nota boa na discursiva.

Essa falha se deve a outra visão restrita do texto que os linguistas chamam de mero “conteudismo”.

A maioria dos professores de redação exigiam e até hoje, infelizmente, exigem conteúdo do aluno.

Conteúdo, por si (e você pode somar aqui a boa gramática), não resolve o seu problema numa prova de conhecimento específico.

 

É comum, na prova discursiva, o aluno até errar o conteúdo ou demonstrar conhecer menos sobre este do que outro colega e, mesmo assim, conseguir uma nota maior do que quem sabia muito mais.

 

Em 2014, por exemplo, havia um chororô de indignação no ar por parte de quem havia estudado muito. Aconteceu isso, porque muita gente bem razoável quanto ao conhecimento do conteúdo conseguiu aprovação na discursiva, enquanto, alguns, quase especialistas sobre os temas, ficaram de fora das vagas.

 

A preocupação quase exclusiva com o conteúdo joga o candidato para a fase recursal facilmente. Será em tal fase que ele terá quase que suplicar ao examinador para que conheça a verdade do seu texto, para que veja o quanto ele trabalhou honestamente o conteúdo.

 

Trabalhou o conteúdo?

Só que não!

O problema está na expressão, na forma de falar sobre o tema. Quem é muito conteúdista normalmente sabe o tema de frente para trás e de trás para frente e, por isso, tende a produzir uma escrita muito hermética cujas ideias estão na cabeça do redator mas que não seguem com clareza para o texto.

 

O sujeito não produz explicação sobre nada e o comando da questão pede para dissertar (ou discorrer), ou seja, ele não cumpre o exigido pela prova discursiva. Sua escrita se reduz ao tecnicismo.

 

Em resumo, não explica nada, apenas replica, sem pudor e sem noção, o que decorou.

 

Resultado já conhecido: vai sofrer com a fase recursal.

E eu também vou sofrer com o texto do aluno, porque precisarei entender o que ele escreveu para fomular o recurso do mesmo texto, a partir de outra linguagem. A tarefa passa a ser mais complicada ainda.

 

É como refomar uma casa caindo, sem poder jogá-la no chão e construir outra.

Eu cito um exemplo: na prova da Funai (2016 ou 2017), uma aluna sabia tudo sobre o tema. Estava tudo lá na prova dela, depois que ela, por áudio me explicou o assunto. Mas a Esaf descontou 27 pontos da avaliação de conteúdo. Foi um desespero total para ela que havia estudado com afinco para o concurso. A moça era inclusive professora e lecionava todos os anos sobre o tema que foi cobrado na prova dela.

 

O que ocorreu com o recurso?

Conseguimos de volta os 27 pontos.

Mas isso só aconteceu, na fase recursal, porque eu, Júnia, precisei explicar, com expressões mais claras, o conteúdo dela para o examinador recursal.

 

Menos Mal! Mas é um sofrimento que precisa ser evitado, gente. E dá para se evitar isso.

Quando a falha é dessa órbita, normalmente eu consigo os pontos de volta para o aluno. Mas fica o alerta: nem sempre o examinador recursal é justo. Portanto, evitemos esse transtorno!

 

3a. Situação.

Tratar o texto como produto é um crime e tende a não dar muito certo.

 

Vou esclarecer isso!

Na fase de preparação para provas de conhecimentos específicos, muitos professores que não são especialistas em linguagem orientam os alunos a não rascunhar. Dizem claramente para que escrevam a toque de caixa, porque não vai dar tempo etc.

 

Resultado: a maioria fracassa. A letra não sai de forma legível, aparecem erros graves decorrentes da falta de programação textual.

 

É claro que temos a questão do tempo em jogo. Mas o tempo é um problema para só quem não se preparou anteriormente para o exame.

 

O candidato que quer ser auditor ou analista precisa saber que discursiva é mais uma disciplina do rol proposto pela Esaf. O dar certo tende a não acontecer.

 

Certamente muitos de vocês já leram, por aí, o depoimento de candidatos que passaram nos primeiros lugares nos últimos concursos. Muitos ex-alunos como o Thomas Jorgensen, por exemplo, (hoje ele é coach para a Receita Federal), priorizaram a discursiva entre as disciplinas antecipadas do estudo.

 

Ninguém está dizendo que é preciso passar em primeiro lugar. Mas o exemplo dos caras da Receita, do STN, da ANAC, da APO, da FUNAI, do MAPA etc., ou seja, dos últimos concursos que a Esaf fez, são bem elucidativos quanto a tal responsabilidade.

 

Na prova discursiva, você precisará discorrer naturalmente sobre o tema, nõ obstante o domínio incompleto do tema.

Por quê?

Porque texto é movimento!

E movimento precisa ser racionalizado, ensaiado e avaliado.

A dança, por exemplo, é movimento e você só aprende a dançar, quando se predispõe aos ensaios dela.

 

Deve-se fazer, no texto, um movimento para trás, a fim de se resgatar o que foi escrito, e depois fazer o movimento para frente. Isso se chama encaminhamento e progressão. Isso é uma constante da coerência e da coesão textual.

 

Na Esaf, se você não domina isso, sua prova poderá receber codificações associadas a penalidades graves como CSE, DI, TC, o que significaria, se eu considerar os 20 pontos de conteúdo aplicados para cada questão do último concurso, a perda de 4 pontos por código.

 

Além disso, será natural receber alguns SDCs ou COVs. Estes códigos são derivados da parte gramatical e, cada vez que são aplicados pelo examinador, retiram do seu texto cerca de 0,75 ponto.

 

Faça as contas: em média, candidatos recebem, em seus textos, uns dois DIs (-8 pontos) e uns dois COVs (-1,5 ponto), sem contar outros erros incidentes na discursiva.

 

Já percebeu aonde foram parar os esperados 20 pontos iniciais?

 

Outra questão que você precisa considerar: texto é interação!

 

Você precisa exercitar a consciência de que sua escrita não é para você. Ela é para o outro. Este outro é o examinador e este cara não está ali para avaliar exatamente o que é o Simples Nacional. Isso ele lê no “site” da Receita. Ele quer ver como você ESCLARECE o que é Simples Nacional. São atitudes discursivas bem diferentes.

 

Se você produzir um texto meramente conteudista, códigos como AI, FOR e TC poderão ser aplicados ao seu texto e a perda de pontos também será bastante sentida.

 

Compreendeu, um pouquinho, sobre a natureza do texto?

Bom, espero que sim. E espero, principalmente, que este seja um dos  seus últimos textos sobre discursivas. Afinal, em 2019, você poderá dar adeus a esse tipo de leitura.

Tomara!

 

Quer se preparar para a discursiva de forma antecipada?

 

No Turma de Redação, nosso curso de discursivas para a Receita tem como foco o seguinte:

  1. Avaliar as discursivas, levando em conta o perfil atual da Esaf.
  2. Observar a capacidade de expressão de conteúdo do aluno e sua observância a elementos de progressão textual.
  3. Apresentar temas de Direito Tributário, consoante a relevância atual dos assuntos (antes do edital, a gente não vai trabalhar com temas de outros assuntos, porque a única certeza que temos é a de que haverá Tributário na discursiva).

Enfim, nosso trabalho visa ao de sempre: apresentar um trabalho que diferencie nosso aluno dos demais redatores das discursivas de conhecimento específico, ou seja, nosso aluno será orientado a ser mais claro, objetivo e preciso em suas explicações. Não é à toa que sempre fomos a referência em quaisquer cursos de discursivas para a Esaf.

 

E, mais, eu sempre deixo, de brinde, um curso de provas de português atuais também comentadas, porque isso ajuda o meu aluno a somar pontos para ter sua discursiva corrigida. E eu faço questão de que a banca tenha acesso às redações, porque gosto de acompanhar os resultados e a progressão dos alunos.

 

Enfim, entre no http://www.turmaderedacao.com.br/cursos/discursivas-para-a-receita-federal-2018-curso-completo-todos-os-cargos.

 

Assim, você vai saiber mais como redigir bem, para enfrentar a prova discursiva da Receita Federal.

 

Como você leu meu artigo, eu vou deixar um brinde: um desconto de 20% no Curso de Discursivas para a Receita Federal 2018.  Para ter acesso ao seu desconto, envie um whatsapp para a Malu, nossa atendente do Turma de Redação, e diga que leu o artigo e quer o seu desconto de 20% como incentivo à sua preparação.

 

Grande abraço! Obrigada pela confiança!

Até mais!

Júnia Andrade Viana

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